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Apresentação da Peça

Em um estúdio de cinema, três mulheres se encontram para criar arte, rever memórias e imaginar futuros. Zezé e Elisa, atrizes em início de ensaio para um filme musical sobre Ruth de Souza e Léa Garcia, mergulham nas trajetórias dessas duas figuras fundamentais da história do teatro e do audiovisual brasileiro. Acompanhadas por Naná, diretora e musicista do filme, elas constroem uma jornada de escuta, troca e provocação.

 

Enquanto ensaiam músicas, evocam lembranças, compartilham anseios e experiências, o palco se transforma em um território híbrido onde teatro, cinema e música se cruzam. A narrativa se entrelaça com cenas projetadas, números musicais e a presença simbólica de figuras marcantes como Mercedes Baptista, Grande Otelo e Abdias do Nascimento, numa celebração da cultura negra brasileira.

 

Mais do que uma homenagem, Ruth & Léa é um convite à sensibilidade e à reflexão: como honrar quem abriu caminhos? Que perguntas ainda não fizemos? Como dançar, amar e sonhar em um país que tantas vezes nega sua própria história?

 

Com delicadeza e força, o espetáculo se constrói como um ritual de afeto e memória. Um encontro artístico entre mulheres que se reconhecem e se reinventam — guiadas pela coragem de Ruth, pela ousadia de Léa, e pelo desejo de abrir espaço para novas vozes.

Ouça a audiodescrição aqui: 

Versão em libras:

Palavra do Diretor

Em 1988, estreei na televisão como protagonista da minissérie Abolição, na TV Globo. A mãe do meu personagem, Lucas, era Aparecida, interpretada por Léa Garcia.


Em 2003, ganhei o Prêmio ABCD&C RJ – da 13ª Mostra Curta Cinema – e o Prêmio Primeiro Plano, do Consulado Francês, com o meu primeiro curta-metragem, A Mãe e o Filho da Mãe, protagonizado por Ruth de Souza.

Com Léa, iniciei minha carreira na televisão; com Ruth, ganhei meu primeiro prêmio de cinema e o convite para exibir nosso filme na 16ª edição do Festival D’Angers – Premiers Plans – European First Film Festival, na França. E ainda recebi mais € 1.500 (mil e quinhentos euros).

Em 2005, voltei a dirigir Ruth no programa Heróis de Todo Mundo, que idealizamos, produzimos e dirigimos em parceria com a Fundação Roberto Marinho, Canal Futura e TV Globo.

Em 2022, voltei a ser filho de Léa no filme O Rio de Janeiro de Ho Chi Minh, de Cláudia Mattos.
Essas duas grandes mulheres, essas duas grandes atrizes, estiveram em alguns dos momentos mais importantes e felizes da minha carreira — e da minha vida.

Quando voltei da viagem à França, em janeiro ou fevereiro de 2004, após exibir nosso filme como convidado especial de um festival dedicado exclusivamente a cineastas europeus, Ruth me convidou para ir à sua casa, num sábado à tarde, para que eu contasse como foi a recepção do público ao nosso filme.
 

Ao chegar ao apartamento dela, na Rua Paissandu, fui surpreendido com a presença de Léa. Ruth preparou uma surpresa para nós dois. Além de querer saber as notícias do festival, ela queria me propor um trabalho: fazer uma peça de teatro em parceria com Léa. Ficamos felizes com a ideia e passamos a tarde toda falando sobre o projeto.

Lembro que elas fizeram uma crítica muito pertinente e queriam que nosso futuro espetáculo abordasse a grande amizade que tinham, para acabar de vez com a impressão de que eram antagonistas. Afirmaram a grande admiração mútua, o carinho e o respeito que uma nutria pela outra. Se existia alguma ideia de inimizade, essa impressão era gerada pelo sistema de produção de peças, novelas e filmes, que sempre oferecia um único papel — quando muito — para que elas disputassem. Embora tenham feito juntas a novela O Clone, em 2001...

Saímos daquele encontro felizes com a ideia. Mas o tempo passou... e eu não cumpri o prometido, o acordado.

Em 2005, o cineasta Joel Zito Araújo, meu amigo, reuniu as duas atrizes no filme As Filhas do Vento. Senti a primeira pontada no coração.

Em 2008, dirigi o documentário Em Quadro – A História de 4 Negros nas Telas, sobre a carreira de Ruth, Léa, Zezé Motta e Milton Gonçalves.Mais uma vez falamos do projeto da peça... que eu não fiz.

Quando Ruth faleceu, em 2019, a tristeza de perder uma grande referência somou-se à frustração de não poder mais realizar o trabalho que ela me pediu.

Com Léa, voltei a trabalhar em Mãe Baiana, um filme híbrido de teatro e cinema — um dos últimos trabalhos da minha mãe-atriz.

Quando ela se foi, novamente o sentimento de perda e incapacidade gritou forte. Saí do velório de Léa, depois de ouvir tantos discursos “inflamados” e “emocionados”, decidido a realizar a peça que elas haviam me sugerido.

Foi daí que nasceu a ideia do espetáculo que hoje apresentamos: Ruth & Léa.


É um trabalho-tributo a essas duas grandes atrizes do cenário cultural brasileiro, no ano que marca os 80 anos da estreia do primeiro espetáculo do Teatro Experimental do Negro (TEN), em 8 de maio de 1945 — O Imperador Jones — grupo idealizado por Abdias do Nascimento, do qual Ruth e Léa são as maiores expoentes.

Só tenho a agradecer a passagem dessas duas mulheres pela minha vida — não me cansarei de repetir isso.
Agradeço também a toda a minha equipe técnica e artística, que aceitou o desafio de recriar o universo dessas duas gigantes. Uma tarefa difícil e desafiadora.

Em especial, agradeço às atrizes Bárbara Reis e Ivy Souza por terem aceitado o meu convite, e à Dione Carlos, que topou de pronto a tarefa de construir esta maravilhosa dramaturgia.

Um bom espetáculo a todes.


Ruth e Léa, o meu eterno carinho.
Suas bênçãos.

 

Luiz Antonio Pilar

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Palavra da Dramaturga

Escrever sobre Ruth e Léa implica lidar com duas artistas talentosas, pioneiras e longevas, atravessadas por movimentos artísticos e personalidades históricas. Logo, criar uma dramaturgia sobre as duas é, também, escrever sobre outras pessoas, tempos e eventos. São mulheres que emergem da força do coletivo. Representantes fidedignas de uma capacidade intelectual sensível e extraordinária de outras, outros artistas também. Nada é somente apenas sobre elas, tudo envolve um acontecimento, uma troca afetiva. Seja através da família ou das parcerias artísticas, a comunidade está lá . Elas são as pérolas negras deste oceano de dons e talentos aperfeiçoados. Penso que sem transpiração não existe inspiração. Me vi diante de duas mulheres genuinamente talentosas, mas também profundamente disciplinadas. Duas rainhas do século XX, herdeiras de uma coroa que jamais permaneceu sem uma cabeça para honrá-la. É um grande desafio escrever sobre ambas e precisar selecionar, recortar trechos de suas histórias com o intuito de criar uma dramaturgia  capaz de  organizar suas narrativas, além de seus pares. E todo este movimento de pesquisa intensa e artesania dramatúrgica foram pensadas para que sejamos capazes de nos enxergar através dos olhos dessas mulheres imensas, atlânticas. “Escreviver” para honrar quem abriu caminhos para que outras trilhassem estradas bem construídas e não ruas de pedra e areia. “Ruth e Léa” é um movimento de Sankofa, de retomar o que é nosso. Envolve reparação e ocupação histórica de um legado do qual somos herdeiras e herdeiros. De minha parte, agradeço pela parceria, com o diretor Luiz Antônio Pilar, que me confiou a escrita desta peça, e ao elenco e equipe técnica que abraçou esta dramaturgia e vem se debruçando sobre ela com amor e talento. Espero que muitas pessoas assistam e sejam tocadas por estas duas mulheres nutrizes. Que possamos celebrar as nossas antepassadas em vida. Tive o prazer de conhecer as duas e agradecer a ambas pelo que fizeram, e agora registro minha gratidão ao escrever e esta peça. Evoé! Axé! Que seja lindo!

Dione Carlos

Palavra do Diretor Musical

Compor uma trilha original é sempre uma viagem pra dentro de si. Ver, ouvir, ler, absorver, vivenciar e então gerar música através do texto, do elenco com suas vozes e movimentos, da sensibilidade dos músicos, das referências assinaladas pela direção… e finalmente, em algum momento, esse material está em cena! Atrizes cantando com a pianista, equipe cantarolando junto, a gente já imaginando a plateia participando nos refrões e essa música já não me pertence. É do espetáculo e nele ganha vida, ajudando a plateia em seu mergulho.

Em Ruth e Léa tem de tudo. Tem espaço pra Tom e Vinícius, pra Milton, pra Debussy e toda uma paisagem original pra ajudar a desenhar nossa visão dessas duas mulheres-monumentos.

Sou feliz por ser atravessado por essas histórias, personalidades e presenças imensas. Muito disso se ouve na trilha da peça, mas muita coisa ficou dentro de mim e vou guardar com todo meu amor.

Muito obrigado, senhoras.

 

Wladimir Pinheiro

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Palavra das artistas em cena

Ser Ruth de Souza em Ruth & Léa é como acender uma vela com o fogo das que vieram antes. No corpo dela, encontro minha própria memória: pés firmes no palco, olhos que rasgam silêncios, voz que costura o tempo. Ao lado da força luminosa de Léa Garcia, entendo mais ainda que ser mulher preta em cena é acender luz onde tentaram apagar história. E fazer do palco um quilombo de memória e reexistência.

 

Bárbara Reis  
 

de uma doçura pontiaguda.

 

quando fecho os olhos e escuto a voz de Léa, sempre cheia de fôlego - rememorando alguma cena ou mesmo revendo alguma de suas entrevistas - essa é sensação que me bate no peito. 

 

e essa tem sido minha bússola pra dar voz a um pedacinho das suas memórias.

 

assim como Léa, Ruth, cada uma com seu temperamento e trajetória, inventaram e desenharam horizontes, sem mesmo conhecerem qualquer tipo de rascunho e que hoje nos nutrimos das cores que elas pintaram e nos deixaram como um legado vívido e pulsante. 

 

tomar consciência sobre o que elas construíram com as parcas possibilidades que tiveram é reconhecer a dimensão dessas duas grandes artistas. 

 

não esquecer: é um exercício de resistência! 

 

o desejo que fez nascer esse espetáculo é uma homenagem à essas que seguem sendo farol pros seus e os que ainda estão por vir.

Ivy Souza

Toco piano e trago memórias. Cada nota carrega silêncios ancestrais. Sempre estive nos bastidores, mas agora minha presença é visível — mesmo sem fala, tenho voz. Toco por Ruth, por Léa, por tantas fora da luz. Cada nota é protesto, cada silêncio, presença. O racismo tentou apagar, mas estamos aqui: vivas, potentes, artistas. Estar com Bárbara, Ivy, sob a direção de Pilar, é mais que arte — é rito.

Gláucia Negreiros

Sobre Acessibilidade

Acessibilidade para Todos os Públicos

O conceito de acessibilidade na sociedade atual vai além das pessoas com deficiência. Trata-se de um princípio mais amplo, que abrange toda a população. Segundo a Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, de 2006, ratificada no Brasil em 2008, a acessibilidade deve estar presente em todas as esferas da vida social.

No espetáculo Rute & Léa, a acessibilidade foi incorporada desde os ensaios, permitindo que as atrizes compreendessem melhor o público diverso e como a história poderia ser contada de forma inclusiva. Pensamos o espaço cênico e as ações em cena para que fossem compreensíveis por todos, além de adotar recursos já conhecidos, como intérpretes de Libras, audiodescrição, visita guiada ao cenário e programas acessíveis em texto, áudio e Libras.

Com isso, o espetáculo atende não apenas pessoas com deficiência, mas também idosos com dificuldades de leitura, pessoas em processo de alfabetização, analfabetos e outros públicos que, muitas vezes, são esquecidos nas práticas culturais.

 Jadson Abraão

Ficha Técnica

  • Idealização, Direção Artística e Direção de Produção
    Luiz Antonio Pilar

  • Dramaturgia
    Dione Carlos

  • Direção Musical
    Wladimir Pinheiro

  • Elenco Principal – Atrizes
    Barbara Reis
    Ivy Souza

  • Intérprete Musical
    Gláucia Negreiros

  • Produção Executiva
    Beatriz Dubiella

  • Direção de Movimento
    Tatyane Amparo

  • Preparação Vocal
    Pedro Lima

  • Assistente de Direção
    Mozart Jardim

  • Iluminação
    Gustavø e Marcelo Andrade

  • Operador e Técnico de Luz
    Brayan Nunes

  • Designer de Som
    Vilson Almeida e Denis Méier

  • Operador e Técnico de Som e Multimídias
    Danuza Formentini

  • Cenografia
    Lorena Lima

  • Figurinista
    Rute Alves

  • Assistente de Figurinista
    Luciano Jardim

  • Consultoria de Figurino
    Tarcísio Zanon

  • Alfaiate
    Renato Nascimento

  • Costureiras
    Vânia Rosa
    Jana Rangel

  • Visagista
    Alex Palmeira

  • Camareira
    Érika dos Santos 

  • Contrarregra
    Sandro Carvalho

  • Assistente de Produção, Contrarregra e Microfonista
    Feliphe Afonso

  • Designer Gráfico e Coordenador de Mídias para Internet
    Pedro Conteiro Pessanha

  • Consultor de Acessibilidade
    Jadson Abraão da Silva

  • Intérprete de Libras
    JDL Traduções

  • Audiodescrição
    Plena Produções e Acessibilidade LTDA

Agradecimentos

Adolfo Bortolozzo

AfroFlor

Aline Carrocino

Ana Luiza Reis

Antônia Reis

Bruno Quixotte

Castilho

Catarina Milani

Charlini

Cinara Rúbia

Claudia Carvalho

Cleide Queiroz

Conceição Evaristo

Cristiane Santos

Cyda Moreno

Divina Jovina

Eduardo Farias

Emily Negreiros

Esther Ferreira

Felipe Costa

Gaby Makena

Graciete Temoteo

Hayanna Silva

Ilê Ase Odara Dolosun

Isabel Diegues

Joana Ferreira

JoJo Brow-nie Souza

Karla Mariana de Andrade Silva

Leandro alencar

Livra de Oxum

Liza Del Dala

Luana Najan

Lucas Mauro

Lucas Wickhaus

Luiz Carlos Reis

Luiza Maria Amparo

Manu Figueiredo

Marcela Coelho

Marcelo Aouila

Marcelo Garcia 

Márcio de Ogum

Maria Eduarda Brandão

Marta Maria

Mauricio de Melo Prince

Miguel Najan

Nina Fachinello

Noelia Nájera

Odete Bentinha

Pedro Amparo

Pedro Reis

Raphael Najan

Renan Ferreira

Renata Maria

Renato Amado

Tais Alves

Tay Ohanna

Tel Lenna

Thais Prince

Thársila Rocha Tostes

Théo da Costa

Victor Hugo Telles

Wallace Saronne

Yara de Novaes

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